A HISTÓRIA DA HOMEOPATIA
A homeopatia é uma ciência antiga, com partes de sua teoria curativa mencionadas na Índia há mais de 2 milênios. No século 5 a.C. Hipócrates, o pai da medicina, afirmava que uma doença poderia ser combatida com substâncias que causavam sintomas parecidos.
Porém foi a cerca de 200 anos, por volta de 1796, que o fundador e impulsionador oficial, o médico alemão Christian Friedrich Samuel Hahnemann publicou um importante ensaio “Um novo método para averiguar os princípios curativos das drogas”, onde Hahnemann começou a ganhar notoriedade com seus tratamentos.
O Brasil é um dos países com maior número de médicos homeopatas do mundo e calcula-se que cerca de 17 milhões de brasileiros já tenham recorrido à medicina de Hahnemann.
No território nacional existem cerca de 15 mil médicos exercendo a função, 2 mil farmacêuticos e o mesmo número de farmácias especializadas.
Obra de Hahnemann e a Homeopatia
O sistematizador da homeopatia, Samuel Christian Hahnemann, nasceu em Meissen, Alemanha, em 1755. Apesar de suas origens humildes, recebeu boa educação e estudou química e medicina nas universidades de Leipzig, Erlangen e Viena. Formou-se em 1779 e estabeleceu-se na clínica médica. Embora sua principal ocupação fosse a medicina, Hahnemann complementava a renda escrevendo artigos e livros sobre medicina e química. Nesses escritos, protestava contra os métodos grosseiros da medicina da época, principalmente a sangria, os purgantes e as maciças doses de medicamentos ministradas, não raro com terríveis efeitos colaterais. Ele queria melhor tratamento da saúde pública e advogava a importância da alimentação saudável, do ar puro e dos exercícios, além de condições de habitação menos limitadas.
Numa época em que a superlotação era comum e os padrões de higiene eram ruins, aconselhava banhos frequentes e o uso de roupas de cama limpas. Hahnemann desiludiu-se com a medicina convencional e acabou abandonando a profissão para trabalhar como tradutor. Em fins do século XVIII, a Europa entrou num período de grandes convulsões e mudanças sociais. Com a Revolução Industrial, chegaram os grandes avanços tecnológicos e as novas descobertas científicas. Na medicina, houve grandes avanços na identificação e na extração dos ingredientes ativos das ervas e de outras plantas. A primeira descoberta importante aconteceu em 1803 na Alemanha, quando Friedrich Serturner isolou a morfina da papoula do ópio.
As Primeiras Provas
Em 1790, quando traduzia o Tratado de matéria médica do Dr. William Cullen, Hahnemann deparou-se com uma passagem sobre a quina, ou cinchona, que mudaria sua vida e também a de muitas pessoas no mundo inteiro. Em seu livro, Cullen afirmava que o quinino, substância extraída da quina, presente na casca da cinchona, era um bom tratamento para a malária, devido a suas qualidades adstringentes. Isso não fazia sentido para Hahnemann, que era químico e sabia que outros adstringentes muito mais potentes não surtiam efeito nenhum sobre a malária. Resolveu investigar mais durante vários dias, ele tomou doses de quinino, registrando suas reações pormenorizadamente. Espantado, começou a apresentar os sintomas da malária, um após o outro, apesar de não estar com a doença.
Os sintomas se repetiam sempre que ele tomava uma dose de quinino e duravam algumas horas. Se não tomasse quinino, não tinha sintomas. Então seria por isso que o quinino também curava a malária? Para testar a teoria, aplicou as doses de quinino, que ele chamava de “provas”, em pessoas que conhecia bem, anotando minuciosamente as reações.
Passou, então, a repetir o processo utilizando outras substâncias empregadas na época como medicamentos – tais como arsênico e beladona. Suas provas eram realizadas em condições rígidas, e ele não permitia que as pessoas submetidas a esses testes comessem ou bebessem nada que pudesse confundir os resultados: álcool, chá, café ou alimentos salgados e condimentados.
A Compreensão dos Sintomas
Hahnemann descobriu que as reações a suas provas eram variadas; algumas pessoas reagiam com sintomas suaves a uma substância, enquanto outras apresentavam reações vigorosas, com uma série de sintomas. Os mais frequentes, relativos a cada substância, ele denominou sintomas fundamentais ou de primeira linha. Os de segunda linha eram menos comuns, e os de terceira linha eram raros ou idiossincráticos. A combinação dos sintomas compunha um “perfil da droga” para cada substância testada. Hahnemann continuou a realizar suas experiências e provas, testando uma vasta gama de fontes naturais. Ele havia redescoberto o princípio “semelhante cura semelhante”, e sua obra estabeleceria as bases de um novo sistema de medicina.